Devoção

HISTÓRIA DA DEVOÇÃO DE NOSSA SENHORA

DO CARMO E DO ESCAPULÁRIO

 O Monte Carmelo e o Profeta ELIAS:

O Monte Carmelo é uma montanha que se situa ao mar Mediterrâneo. A palavra Carmelo (em hebraico, "carmo" significa vinha; e "elo" significa senhor; portanto, "Vinha do Senhor"): este nome nos leva para esta famosa montanha da Palestina Na História Sagrada o Monte ficou famoso, por causa da disputa entre o profeta Elias e os sacerdotes fenícios de Baal. Nele os sacerdotes sacrificavam em honra de sua divindade Baal, da mesma forma que Elias fazia os sacrifícios em honra de DEUS. E foi neste mesmo lugar que o profeta, diante das autoridades e do povo de Israel, provou a impotência e ineficácia do deus Baal e mostrou a grandeza e o valor do verdadeiro DEUS. O fato aconteceu assim:

No fim do século IX aC, (874-853 antes de CRISTO), Acab reinava loucamente Israel junto com sua sanguinária esposa Rainha Jezabel, que logo mandou matar todos os profetas de DEUS e destruiu os altares de sacrifícios, trazendo para Israel os sacerdotes de Baal de Tiro, permitindo e incrementando o culto aquela divindade. O SENHOR mandou-lhe um pesado castigo, infringindo uma terrível seca ao país, deixando Israel sem condições de produzir alimentos e com uma minguada quantidade de água para o consumo humano, para o gado e a criação em geral. No final do terceiro ano de seca, DEUS chamou o profeta Elias e mandou que avisasse Acab, que ia acabar com a seca. O SENHOR, misericórdia infinita, infundiu luz na mente do profeta para ele alertar ao Rei e a Rainha sobre aquele modo insensato de viver e administrar o reino.

Acab recebeu Elias com frieza, censurando-o: “Ai está o flagelo de Israel”! (1 Rs 18, 17). O profeta respondeu: “Não sou eu o flagelo de Israel, mas tu e tua família, por que abandonaste DEUS e seguiste os baals. Pois bem, manda que se reúna junto a mim, no Monte Carmelo, todo o Israel, com os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal, que comem à mesa de Jezabel”. (1 Rs 18, 18) Elias quis provar ao Rei que o deus Baal não atuava e não tinha qualquer força, e assim, queria lhe mostrar o verdadeiro poder Divino.

Todo o povo foi reunido no Monte Carmelo e Elias se aproximando perguntou: “Até quando permanecerão na dúvida? Se SENHOR é DEUS segui-o, mas se é Baal, segue-o”. (1 Rs 18, 21) E o povo não pode lhe responder. Então Elias mandou os quatrocentos e cinquenta sacerdotes de Baal esquartejar um novilho e colocá-lo sobre a lenha, no altar de sacrifícios, sem por fogo. Ele faria a mesma coisa com outro novilho. Depois mandou que eles invocassem o nome do deus deles e ele também ia fazer a mesma coisa. O deus que respondesse enviando fogo para queimar o sacrifício (holocausto) era o DEUS verdadeiro. Os sacerdotes rezaram, chamaram a sua divindade e até gemeram, desde a manhã até o meio dia e o deus Baal não respondeu.

Elias então zombou, mandando que eles gritassem mais alto, podia ser que Baal estivesse tirando uma soneca! E nada aconteceu com o novilho deles. Então Elias pediu ao povo para se aproximar e na hora da oferenda, rezou: “SENHOR, DEUS de Abraão, de Isaac e de Israel, hoje todos ficarão sabendo que TU és DEUS em Israel, que sou TEU servo e que é por TUA ordem que fiz todas essas coisas. Responda-me SENHOR, responda-me, para que este povo reconheça que TU és SENHOR, o DEUS, e que convertes os corações deles”! (1 Rs 18, 36-37) Então imediatamente caiu o fogo de SENHOR e consumiu o holocausto (novilho) e toda a lenha, para que todos conhecessem quem era o verdadeiro DEUS e se convertessem. O povo admirado presenciou tudo e respeitosamente todos se prostraram com o rosto no chão dizendo e repetindo: “SENHOR que é o DEUS! SENHOR que é o DEUS”. Os profetas e sacerdotes de Baal foram todos presos e mortos. (1 Rs 18, 39-40)

Elias se aproximou do Rei Acab e recomendou que ele voltasse e ficasse no palácio: “Sobe, come e bebe, pois estou ouvindo o barulho da chuva”. E a seguir, o profeta subiu ao cume do Monte Carmelo para rezar, e então, viu se elevar do mar uma pequena nuvem como se fosse à mão de uma pessoa. Num instante o Céu escureceu e caiu uma forte chuva beneficiando toda a região. (1 Rs 18, 16-45)

Ao longo de sua vida, o profeta sempre revelou um imenso e ilimitado amor a DEUS, que lhe dava forças e a inspiração necessária à sua caminhada existencial. Recebeu do Altíssimo, uma quantidade preciosa de dons e virtudes, que impulsionava as suas atitudes, estando sempre pronto a agir dentro da justiça e do direito. O seu exemplo foi seguido por muitos, fundando uma admirável escola de profetas, da qual, o profeta Eliseu foi o seu primeiro discípulo.

Por outro lado, aquela nuvem benfazeja e em forma de mão enviada por DEUS, que deu origem aquela caridosa e providencial chuva, passou a ser interpretada como uma preciosa Intercessora, que trabalhou maravilhosamente a serviço do SENHOR e em benefício do povo, e por isso mesmo, foi compreendida como sendo obra da própria MÃE DE DEUS.

 São Simão Stock e a Ordem dos Carmelitas

Estes profetas foram "participantes" da obra Carmelita, que só vingou devido à intervenção de Maria, pois a parte dos monges do Carmelo que sobreviveram (século XII) da perseguição dos muçulmanos; fugiram para a Europa e radicaram-se em vários países entre eles a Inglaterra. Dos seguidores de Elias e seus continuadores, de acordo com a tradição, nasceu a Ordem do Carmo, da qual Maria Santíssima é a Mãe e esplendor, segundo as palavras também de Isaías “A glória do Líbano lhe será dada, o esplendor do Carmelo e de Saron” (Is 35, 2).

A Ordem Carmelita é primordialmente orante. Rezam sem cessar por todo o mundo e pelas almas dos mortos. Este é seu principal carisma. Veneram santo Elias e NSRA. Adoram Nosso Senhor Jesus Cristo como toda a Igreja Católica. São monges e monjas enclausurados, extraordinários em sua missão.

O Santo São Simão Stock

Na Inglaterra, vivia um homem penitente, como o Profeta Elias, austero como João Batista. Chamava-se Simeão. Mas, diante de sua vida solitária na convexidade de uma árvore no seio da floresta, deram-lhe o apelido de Stock.

Nossa Senhora revelou-lhe então seu desejo de que ele se juntasse a certos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, à Inglaterra, “sobretudo porque aqueles religiosos estavam consagrados de um modo especial à Mãe de Deus”. Simão saiu de sua solidão e, obedecendo também a uma ordem do Céu, estudou teologia, recebendo as sagradas ordens. Dedicou-se à pregação, até que finalmente chegaram dois frades carmelitas no ano de 1213. Ele pôde então receber o hábito da Ordem, em Aylesford.

Em 1215, tendo chegado aos ouvidos de São Brocardo, Geral latino do Carmo, a fama das virtudes de Simão, quis tê-lo como coadjutor na direção da Ordem; em 1226, nomeou-o Vigário-Geral de todas as províncias européias.

São Simão teve que enfrentar uma verdadeira tormenta contra os carmelitas na Europa, suscitada pelo demônio através de homens ditos zelosos pelas leis da Igreja, os quais queriam a todo custo suprimir a Ordem sob vários pretextos. Mas o Sumo Pontífice, mediante uma bula, declarou legítima e conforme aos decretos de Latrão a existência legal da Ordem dos Carmelitas, e a autorizou a continuar suas fundações na Europa.

São Simão participou do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, em 1237. Em um novo Capítulo, em 1245, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas.

Grandes santos de nossa Igreja provém do Carmelo, como Santa Tereza D'Ávila, Santa Terezinha do Menino Jesus, São João da Cruz (Doutores da Igreja) e inúmeros outros. Existe grande literatura oriunda dos escritos destes santos do Carmelo. Vale procurar e ler. É fonte inesgotável de pura espiritualidade Cristã. 

Aparição de Nossa Senhora

Após a algum tempo de calmaria, as perseguições reiniciaram com mais intensidade.
Na falta de auxílio humano, São Simão recorria à Virgem Santíssima com toda a tristeza de seu coração, pedindo-Lhe que fosse solícita à sua Ordem, tão provada, e que desse um sinal de sua aliança com ela.

Na manhã do dia 16 de julho de 1251, suplicava com maior empenho à Mãe do Carmelo sua proteção, recitando a bela oração por ele composta:

"Flor do Carmelo, Vinha florífera, Esplendor do céu, Virgem fecunda, singular. Ó Mãe benigna, sem conhecer varão, aos Carmelitas dá privilégio, Estrela do Mar!".

Terminada esta prece, levanta os olhos marejados de lágrimas, vê a cela encher-se, subitamente, de luz. Rodeada de anjos, em grande cortejo, apareceu-lhe a Virgem Santíssima, revestida de esplendor, trazendo nas mãos o Escapulário dizendo a São Simão Stock, com inexprimível ternura maternal:

“Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno”.

Essa graça especialíssima foi imediatamente difundida nos lugares onde os carmelitas estavam estabelecidos, e autenticada por muitos milagres que, ocorrendo por toda parte, fizeram calar os adversários dos Irmãos da Santíssima Virgem do Monte Carmelo.

Nossa Senhora voltou ao céu e o Escapulário permaneceu como sinal de Maria. Na última aparição de Lourdes e de Fátima, Nossa Senhora traz o Escapulário. John Mathias Haffert, autor do livro "Maria na sua Promessa do Escapulário", entrevistou a Irmã Carmelita Lúcia, a vidente de Fátima ainda viva e perguntou, por que na última aparição Nossa Senhora segurava o escapulário na mão? Irmã Lúcia respondeu simplesmente: "É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário".

São passados mais de 763 anos, desde o dia 16 de julho de 1251. Todos os que trouxeram o Escapulário, com verdadeira piedade, com sincero desejo de perfeição cristã, com sinais de conversão, sempre foram protegidos na alma e no corpo contra tantos perigos que ameaçam a vida espiritual e corporal. É só ler os escritos carmelitanos para provar a proteção e a assistência de Maria Santíssima.

 

O ESCAPULÁRIO

As promessas específicas de Nossa Senhora do Carmo.

Primeira: Quem morrer com o Escapulário não padecerá o fogo do inferno. Em primeiro lugar, ao fazer a sua promessa, Maria não quer dizer que uma pessoa que morra em pecado mortal se salvará. A morte em pecado mortal e a condenação são uma e a mesma coisa. A promessa de Maria traduz-se, sem dúvida, por estas outras palavras: “Quem morrer revestido do Escapulário, não morrerá em pecado mortal”. Para tornar isto claro, a Igreja insere, muitas vezes, a palavra “piamente” na promessa: “aquele que morrer piamente não padecerá do fogo do inferno”.

Segunda: Nossa Senhora livrará do Purgatório quem portar seu Escapulário, no primeiro sábado após sua morte. Embora às vezes se interprete este privilégio ao pé da letra, isto é, que a pessoa será livre do Purgatório no primeiro sábado após sua morte, “tudo que a Igreja, tem para explicar estas palavras, tem dito oficialmente em várias ocasiões, é que aqueles que cumprem as condições do Privilégio Sabatino serão, por intercessão de Nossa Senhora, libertos do Purgatório pouco tempo depois da morte, e especialmente no sábado”. De qualquer modo, se formos fiéis em observar as palavras da Virgem Santíssima, Ela será muito mais fiel em observar as suas, como nos mostra o seguinte exemplo:

História real (Testemunho).

Em umas missões, tocado pela graça divina, certo jovem deixou a má vida e recebeu o Escapulário. Tempos depois recaiu nos costumes desregrados, e de mau tornou-se pior. Mas, apesar disso, conservou o santo Escapulário. Entretanto atingiu-o com grave enfermidade. Acometido pela doença, o jovem viu-se em sonhos diante do justíssimo tribunal de Deus, que devido às suas atitudes ruins e vida má, o condenou à eterna condenação. Em vão o infeliz alegou ao Supremo Juiz que portava o Escapulário de sua Mãe Santíssima. - E onde estão os costumes que correspondem a esse Escapulário? Perguntou-lhe.

Sem saber o que responder, o infeliz olhou então para a Virgem Santíssima. - Eu não posso desfazer o que Meu Filho já fez. Respondeu-lhe Ela.

Mas, Senhora! exclamou o jovem, Serei outro.

Tu me prometes?

Sim.

Pois então vive.

Nesse mesmo instante o doente despertou, apavorado com o que viu e ouviu durante o sonho, fez votos de levar adiante mais seriamente o Escapulário de Nossa Senhora do Carmo. Depois de vida edificante, Deus chamou sua alma à pátria celeste. Assim narram às crônicas dessa Ordem.

E a devoção dos Papas:

Bento XV o pontífice da paz, chamou o Escapulário a "arma dos cristãos" e aconselhava aos seminaristas que o usassem.

Leão XVIII, pouco antes de morrer, disse aos que o cercavam: "Façamos agora a Novena da Virgem do Carmo e depois morreremos".

Pio XI escrevia, ao Geral dos Carmelitas: "Aprendi a conhecer e a amar a Virgem do Carmo nos braços de minha mãe, nos primeiros dias de minha infância".

Pio XII afirmava: "É certamente o Sagrado Escapulário do Carmo, como veste Mariana, sinal e garantia da proteção e salvação ao Escapulário com que estavam revestidos. Quantos nos perigos do corpo e da alma sentiram a proteção Materna de Maria".

Pio XII ainda chegou a escrever: "Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo - e ainda - escapulário não é 'carta-branca' para pecar; é uma 'lembrança' para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte".

O Papa João XXIII assim se pronunciou: "Por meio do Escapulário do Carmo, pertenço à família Carmelitana e aprecio muito esta graça com a certeza de uma especialíssima proteção de Maria. A devoção a Nossa Senhora do Carmo torna-se uma necessidade e direi mais uma violência dulcíssima para os que trazem o Escapulário do Carmo".

Paulo VI afirmava que entre os exercícios de piedade devem ser recordados o Rosário de Maria e o Escapulário do Carmo.

A Aparição de Fátima e o Escapulário

Após a última aparição de Nossa Senhora de Fátima na Cova da Iria, surgiram aos olhos dos três videntes varias cenas.Na primeira, ao lado de São José e tendo o Menino Jesus ao colo, Ela apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, junto a Nosso Senhor acabrunhado de dores a caminho do Calvário, surgiu como Nossa Senhora das Dores. Finalmente, gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão.

Por que Nossa Senhora apareceu com o Escapulário nesta última visão a 13 de Outubro em Fátima? Perguntaram a Lúcia em 1950. Lúcia respondeu: É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário respondeu ela.

“E é por este motivo que o Rosário e o Escapulário, são dois sacramentais marianos mais privilegiados, universais, mais antigos e valiosos, adquirem hoje uma importância maior do que em nenhuma época passada da História”.

Numa bula de 11 de fevereiro de 1.950, o Papa Pio XII convidava a "colocar em primeiro lugar, entre as devoções marianas, o escapulário que está ao alcance de todos"; entendido como veste mariana, esse é de fato um ótimo símbolo da proteção da Mãe celeste, enquanto sacramental extrai o seu valor das orações da Igreja e da confiança e amor daqueles que o usam.

O que significa a palavra ESCAPULÁRIO? Do Latim: * SCAPULARIU < scapulla, espádua. Tira de pano, pendente do pescoço, usado por certos religiosos e religiosas que o trazem por cima do hábito.

Nossa Senhora do Carmo, o Escapulário e o Profeta Elias (I Reis 18)